Acordo nos bastidores entre líderes do Progressistas, União Brasil e PL inclui avanço sobre anistia a bolsonaristas e mudança no foro privilegiado
Brasília — Na noite tensa desta quarta-feira (6), o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) selou um acordo político que pode destravar a pauta da anistia a envolvidos nos atos de 8 de janeiro e àqueles investigados por tramas golpistas.
Para retomar o comando da Mesa Diretora, que até então seguia ocupada por deputados, Motta deu aval ao Centrão para negociar o apoio à proposta com bancadas bolsonaristas e de direita radical.
Durante dois dias, deputados do PL e do Novo ocuparam fisicamente a Mesa Diretora da Casa, recusando-se a sair da cadeira da presidência, em protesto contra decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e exigindo o avanço de pautas como o fim do foro privilegiado e a anistia dos chamados “presos políticos”.
Para conter a escalada de tensão e destravar os trabalhos legislativos, Motta negociou diretamente com líderes do Progressistas e do União Brasil, que se comprometeram a encampar as demandas bolsonaristas. Segundo fontes ouvidas pelo Jornal Correio de Curitiba, a condição para o recuo da ocupação foi o compromisso de pautar os projetos de interesse do grupo já na próxima semana.
A proposta de anistia, se aprovada, pode beneficiar desde manifestantes condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes até políticos investigados, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente réu em diversas ações por tentativa de golpe de Estado.
Apesar das falas públicas de alinhamento, nos bastidores o acordo ainda é tratado com cautela. Um líder do Centrão, ligado a Motta, confirmou à reportagem.
Outro parlamentar classificou o entendimento como “mais genérico”, em nome de “fortalecer as prerrogativas parlamentares”.
A reabertura da Câmara sob comando abalado e com a pauta pressionada por setores radicais do Congresso pode inaugurar um período de maior tensão institucional entre Legislativo e Supremo, além de reacender o debate sobre os limites da anistia e a responsabilização de autoridades envolvidas em atos antidemocráticos.

